Na abertura da sua obra Política, Aristóteles afirma que somente o homem é um “animal político”, isto é, social e cívico, porque somente ele é dotado de linguagem. Os outros animais, escreve Aristóteles, possuem voz (phone) e com ela exprimem dor e prazer, mas o homem possui a palavra (logos) e, com ela, exprime o bom e o mau, o justo e o injusto. Exprimir e possuir em comum esses
valores é o que torna possível a vida social e política e, dela, somente os homens são capazes.
Segue a mesma linha o raciocínio de Rousseau no primeiro capítulo do Ensaio
sobre a origem das línguas:
A palavra distingue os homens dos animais; a linguagem distingue as
nações entre si. Não se sabe de onde é um homem antes que ele tenha
falado.
Escrevendo sobre a teoria da linguagem, o lingüista Hjelmslev afirma que “a
linguagem é inseparável do homem, segue-o em todos os seus atos”, sendo “o
instrumento graças ao qual o homem modela seu pensamento, seus sentimentos,
suas emoções, seus esforços, sua vontade e seus atos, o instrumento graças ao qual ele influencia e é influenciado, a base mais profunda da sociedade humana.”
Prosseguindo em sua apreciação sobre a importância da linguagem, Rousseau
considera que a linguagem nasce de uma profunda necessidade de comunicação:
Desde que um homem foi reconhecido por outro como um ser sensível,
pensante e semelhante a si próprio, o desejo e a necessidade de comunicarlhe
seus sentimentos e pensamentos fizeram-no buscar meios para isso.
Gestos e vozes, na busca da expressão e da comunicação, fizeram surgir a
linguagem.
Por seu turno, Hjelmslev afirma que a linguagem é “o recurso último e
indispensável do homem, seu refúgio nas horas solitárias em que o espírito luta contra a existência, e quando o conflito se resolve no monólogo do poeta e na meditação do pensador.”
A linguagem, diz ele, está sempre à nossa volta, sempre pronta a envolver nossos pensamentos e sentimentos, acompanhando-nos em toda a nossa vida. Ela não é um simples acompanhamento do pensamento, “mas sim um fio profundamente tecido na trama do pensamento”, é “o tesouro da memória e a consciência
vigilante transmitida de geração a geração”.
A linguagem é, assim, a forma propriamente humana da comunicação, da relação
com o mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das
artes.
No entanto, no diálogo Fedro, Platão dizia que a linguagem é um pharmakon.
Esta palavra grega, que em português se traduz por poção, possui três sentidos principais: remédio, veneno e cosmético.
Ou seja, Platão considerava que a linguagem pode ser um medicamento ou um
remédio para o conhecimento, pois, pelo diálogo e pela comunicação,
conseguimos descobrir nossa ignorância e aprender com os outros. Pode, porém, ser um veneno quando, pela sedução das palavras, nos faz aceitar, fascinados, o que vimos ou lemos, sem que indaguemos se tais palavras são verdadeiras ou falsas. Enfim, a linguagem pode ser cosmético, maquiagem ou máscara para dissimular ou ocultar a verdade sob as palavras. A linguagem pode ser conhecimento-comunicação, mas também pode ser encantamento-sedução.
Essa mesma idéia da linguagem como possibilidade de comunicaçãoconhecimento
e de dissimulação-desconhecimento aparece na Bíblia judaicocristã,
no mito da Torre de Babel [Gn 11.1-9], quando Deus lançou a confusão
entre os homens, fazendo com que perdessem a língua comum e passassem a
falar línguas diferentes, que impediam uma obra em comum, abrindo as portas
para todos os desentendimentos e guerras. A pluralidade das línguas é explicada, na Escritura Sagrada, como punição porque os homens ousaram imaginar que poderiam construir uma torre que alcançasse o céu, isto é, ousaram imaginar que teriam um poder e um lugar semelhante ao da divindade. “Que sejam
confundidos”, disse Deus
Sociabilidade e Socialização
A humanidade se encontra em constante evolução, sendo sua tendência natural abandonar a ideologia do egocentrismo (aquele que considera seu próprio “eu” como o centro de tudo). Os seres humanos, por mais que se acham auto-suficientes, necessitam de seus semelhantes para sobreviver, criar formas de expressão cultural, comunicar-se, perpetuar a espécie e obter realização plena como indivíduos. O que forma o caráter humano nos indivíduos da espécie humana é a convivência em grupo. A convivência social desde o surgimento da humanidade possui em seu contexto a competição pelos bens, competição essa que jamais terá fim, unicamente pelo fato de cada pessoa constituir um universo próprio de desejos maternais, cuja necessidade de regras gerais é a de definir limites que proporcionem a invasão dos direitos de cada indivíduo. E é a sociabilidade que capacita naturalmente o ser humano para a convivência em sociedade, desenvolvendo-se pelo meio da socialização.
É por meio da socialização que a espécie humana se integra entre si ao grupo em que nasceu, absorvendo o conjunto de hábitos, costumes e regras característicos de seu grupo. Nossa socialização acontece quando participamos da vida em sociedade, assimilando todas as suas principais características. Tendo por definição que quanto mais coerente for a socialização, mais sociável ele tenderá a ser. Com a constante evolução humana, a forma atual de sociabilidade absorve características diferentes da sociedade antes do século XXI. O tribalismo é uma das formas de expressão dos novos tipos de sociabilidade. Exemplos de tribos são os punks, os surfistas, os skinheads, as torcidas organizadas de futebol, gangues da periferia urbana, ente outros. São as afinidades ou interesses momentâneos em comum que fazem com que se reúnam. São diversas as tribos que estão surgindo conforme a evolução da sociedade e as tecnologias do século XXI, uma das mais polêmicas é a das comunidades virtuais que habitam o ciberespaço, dando origem a um novo tipo de sociabilidade. Enfim, tudo o que envolve a sociabilidade e a socialização depende da identificação e da predisposição de cada indivíduo, sendo da natureza humana a necessidade de estar e participar de um grupo social.
É por meio da socialização que a espécie humana se integra entre si ao grupo em que nasceu, absorvendo o conjunto de hábitos, costumes e regras característicos de seu grupo. Nossa socialização acontece quando participamos da vida em sociedade, assimilando todas as suas principais características. Tendo por definição que quanto mais coerente for a socialização, mais sociável ele tenderá a ser. Com a constante evolução humana, a forma atual de sociabilidade absorve características diferentes da sociedade antes do século XXI. O tribalismo é uma das formas de expressão dos novos tipos de sociabilidade. Exemplos de tribos são os punks, os surfistas, os skinheads, as torcidas organizadas de futebol, gangues da periferia urbana, ente outros. São as afinidades ou interesses momentâneos em comum que fazem com que se reúnam. São diversas as tribos que estão surgindo conforme a evolução da sociedade e as tecnologias do século XXI, uma das mais polêmicas é a das comunidades virtuais que habitam o ciberespaço, dando origem a um novo tipo de sociabilidade. Enfim, tudo o que envolve a sociabilidade e a socialização depende da identificação e da predisposição de cada indivíduo, sendo da natureza humana a necessidade de estar e participar de um grupo social.
Socialização e seus tipos
Socialização
A socialização consiste na interiorização que cada indivíduo faz, desde que nasce e ao longo de toda a sua vida, das normas e valores da sociedade em que está inserido e dos seus modelos de comportamento. Assim sendo, socializar é inculcar no indivíduo os modos de pensar, de agir e de agir do grupo em que ele é integrado.
É um processo de aprendizagem em que, através da interiorização dessas normas e valores comuns, se faz aumentar a solidariedade entre os membros de um grupo e, portanto, a socialização é determinante para a integração social.
A socialização, mesmo acontecendo durante toda a vida, dá-se com intensidades e em contextos diferentes. Existem, então, dois tipos de socialização : primária e secundária.
Assim sendo, durante a infância, ocorre a socialização primária, onde a criança aprende e interioriza a linguagem, as regras básicas da sociedade, a moral e os modelos comportamentais do grupo a que se pertence. A socialização primária tem um valor primordial para o indivíduo e deixa marcas muito profundas em toda a sua vida, já que é aí que se constrói o primeiro mundo do indivíduo.
Por sua vez, a socialização secundária é todo e qualquer processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado em novos sectores do mundo objectivo da sua sociedade (na escola, nos grupos de amigos, no trabalho, nas actividades dos países que visitamos ou para onde emigramos, etc.), existindo uma aprendizagem das expectativas que a sociedade ou o grupo depositam em nós relativamente ao nosso desempenho, assim como dos novos papéis que vamos assumindo nos vários gruois a que vamos pertencendo e nas várias situações em que somos colocados.
A socialização consiste na interiorização que cada indivíduo faz, desde que nasce e ao longo de toda a sua vida, das normas e valores da sociedade em que está inserido e dos seus modelos de comportamento. Assim sendo, socializar é inculcar no indivíduo os modos de pensar, de agir e de agir do grupo em que ele é integrado.
É um processo de aprendizagem em que, através da interiorização dessas normas e valores comuns, se faz aumentar a solidariedade entre os membros de um grupo e, portanto, a socialização é determinante para a integração social.
A socialização, mesmo acontecendo durante toda a vida, dá-se com intensidades e em contextos diferentes. Existem, então, dois tipos de socialização : primária e secundária.
Assim sendo, durante a infância, ocorre a socialização primária, onde a criança aprende e interioriza a linguagem, as regras básicas da sociedade, a moral e os modelos comportamentais do grupo a que se pertence. A socialização primária tem um valor primordial para o indivíduo e deixa marcas muito profundas em toda a sua vida, já que é aí que se constrói o primeiro mundo do indivíduo.
Por sua vez, a socialização secundária é todo e qualquer processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado em novos sectores do mundo objectivo da sua sociedade (na escola, nos grupos de amigos, no trabalho, nas actividades dos países que visitamos ou para onde emigramos, etc.), existindo uma aprendizagem das expectativas que a sociedade ou o grupo depositam em nós relativamente ao nosso desempenho, assim como dos novos papéis que vamos assumindo nos vários gruois a que vamos pertencendo e nas várias situações em que somos colocados.
Cultura & Ideologia

NOÇÃO DE IDEOLOGIA
• ETIMOLOGIA
A palavra ideologia foi criada por Tracy, no séc. XIX, e significa, etimologicamente, ciência das ideias.
• MARX
Ideologia:
Sistema de pensamento, ou seja, forma de conceber o mundo que abrange, principalmente, os seus aspectos sociais (relações entre os homens e a sua actividade);
"Visão do mundo", isto é, produto e reflexo de uma época e de uma sociedade, mais especificamente de grupos sociais reais, estratos e classes, expressando os seus interesses, a sua actividade e o seu papel histórico;
Não é um sistema de pensamento neutro, pois tem uma função que é a de legitimar, justificar e contribuir, ou para a manutenção da ordem social existente, ou para a sua transformação.
• ATUALMENTE
Ideologia designa um conjunto mais ou menos coerente de ideias e de crenças que influenciam os grupos ou que legitimam as respectivas formas de acção na sociedade.
IDEOLOGIA E CULTURA
• A Ideologia traduz uma certa leitura do real, apresentando a cada grupo um sistema de ideias, crenças e valores coerentemente organizado que traduz o que ele é e que propõe a necessária orientação futura.
• A ideologia é um elemento da cultura. É dentro da ideologia como um elemento da cultura que cada colectividade constrói uma representação de si própria, procura dar uma interpretação daquilo que é, ao mesmo tempo que explica as suas aspirações.
• Se a cultura como um todo orienta a acção da coletividade, a ideologia propõe-se orientar essa ação de modo voluntário e mais explícito, procurando sempre provocar, manter e salvaguardar uma unanimidade de acção e de motivação.
• A ideologia não é um mero elemento da cultura, mas o seu verdadeiro núcleo. É dentro da ideologia que se criam novos valores ou se recriam os velhos dando-lhes um novo sentido.
• A ideologia adianta-se à cultura na medida em que não propõe, apenas, a aceitação dos comportamentos sociais, antes pode produzir ação não conformista.
IDEOLOGIA E AÇÃO
• Ideologia é um "sistema de ideias e de juízos, explícita e geralmente organizado, que serve para descrever, explicar, interpretar ou justificar a situação de um grupo ou de uma coletividade e que, inspirando-se em larga medida em certos valores, propõe uma determinada orientação à ação histórica desse grupo ou dessa coletividade." (G. Rocher)
•
• As leituras ideológicas, produzidas pelos diversos grupos sociais, desempenham uma importante função social. Ao fornecerem um discurso comum sobre a realidade, através do qual os atores se reconhecem a si mesmos, justificam e mantêm a coesão do grupo, propondo, mesmo, uma orientação para a ação histórica desse grupo.
•
• A ideologia pressupõe ação, ao exortar e orientar o grupo a agir no sentido da consecução dos objetivos que se propõe e que considera seus, de direito.
•
• A ideologia como visão do mundo ligada aos interesses de um grupo ou estrato claramente determinado na sociedade, atuando como mola propulsora para a ação conservadora (manutenção do status quo) ou a inovadora (transformação), fundamentou e justificou, na história da humanidade, várias formas de sociedade e o seu sistema de poder político.
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